O Cheiro do Café marcou na ExpoAgro no Amazonas 2021.

  • Fusam
  • 18/12/2021
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Cafe de Silves

Na Expoagro, visitantes provaram o café amazônico, na degustação promovida pela Santa Clara, que já comercializa o produto cultivado na unidade demonstrativa de Silves

O café é uma bebida que não pode faltar na mesa do brasileiro. Afinal, o Brasil é o maior exportador de café do mundo, produzido principalmente na região Sudeste. O que poucos sabem é que o Estado do Amazonas tem vocação para o cultivo do grão de café. Atualmente há cinco municípios que cultivam o café tipo conilon: Apuí, Silves, Maués, Barreirinha, Lábrea e Envira.

Os visitantes da 43ª Feira e Exposição Agropecuária do Amazonas (Expoagro), tiveram a oportunidade de degustar o café da ‘Amazônia’ e conferir o grão ao vivo, pelo expositor Santa Clara, no estande do Sepror, durante os quatro dias da feira. O blend (mistura) é composto por grãos conilon, do Amazonas, e arábica, de Rondônia, explica gerente industrial da fábrica 3corações em Manaus, Joseilton Lopes.

 “O café conilon tem como característica dar a cor escura ao café. O sabor vem do café arábica. Por isso é um blend”, ressalta.

A fábrica da 3corações, líder nacional no segmento de café torrado e moído, foi instalada no Polo Industrial na rodovia AM-010, em 2018, para atender o mercado do Amazonas e Roraima. No mesmo ano, o Grupo 3corações anunciou a aquisição da Indústria de Café Manaus Ltda., criada em 1956.

Experimento agrícola

O grão comprado pela 3corações vem do município de Silves (a 204 quilômetros a leste de Manaus) que recebeu uma espécie de lavoura experimental de café conilon desde 2015. Mesmo pequena, a produção do café tipo conilon já atende à fábrica no polo Industrial, que faz a torrefação e comercializa o café amazônico com o rótulo Café Santa Clara.

 A Unidade de Referência Tecnológica (URT) foi implantada por meio de parceria entre Embrapa, a Associação Solidariedade Amazonas (ASA), organização formada por agricultores familiares, prefeitura de Silves e Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam). 

O café conilon predomina no Amazonas porque é um tipo rústico que melhor se adapta as condições climáticas e geográficas da região, segundo o Idam.

“Esse é o início de um processo que temos em parceria com a Sepror de fomentar essa cultura na região de Silves. Estamos desde agosto de 2018 com fábrica e como distribuidor, desde 2000. Compramos 40% do café de Rondônia, porque o Amazonas ainda não tem volume para nos atender. 

A expectativa é que possamos produzir 2 mil sacas por ano, em breve”, destaca o gerente industrial da 3 corações.

Segundo a diretora-presidente do Idam, Eda Maria Oliva, há 135 produtores de café no Amazonas, com a expectativa de chegar a 259 nos próximos anos. “O Amazonas já produz café há algum tempo. Houve um trabalho significativo com a Embrapa com o cultivo do conilon que era semelhante ao de Rondônia. Silves começou a implantar unidades demonstrativas, a produzir mudas e hoje nós temos cinco municípios que trabalham com o café conilon. Queremos sair da produção de 1 mil sacas por ano para 3 mil sacas nos próximos anos”, projeta a diretora-presidente.

No Norte, a liderança na cafeicultura fica com Rondônia, o quarto maior produtor nacional. O estado vizinho tem uma maior tradição agrícola na região.

Safra

O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Edson Barcelos, que atua em projetos de pesquisa para cafeicultura no estado, destaca que o café é uma cultura muito apropriada para a agricultura familiar, existe potencial de mercado e agricultores podem aproveitar áreas destinadas ao cultivo em sua propriedade, para produzir e gerar renda.

De acordo com a Embrapa Amazônia Ocidental, a URT de café em Silves é a primeira área de cultivo de café clonal no Amazonas. Na primeira safra, no ano de 2017, foram colhidas na URT  60.4 sacas de café por hectare. Em 2018, a colheita aumentou para 90.4 na mesma área. Nesta terceira safra, em 2021, os dados baseados no início da colheita indicam a estimativa de superar 100 sacas por hectare.